Governo se une para melhoramento genético do tambaqui

Governo se une para melhoramento genético do tambaqui

MPA e Embrapa formulam planos para a espécie amazônica no âmbito do projeto BRS Aqua

Ministério da Pesca e Aquicultura e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vão trabalhar juntos para o melhoramento genético do tambaqui, espécie nativa da amazônia que vem arrebatando prêmios nas feiras internacionais de pescados. Já há iniciativas sendo feitas nesse sentido, no âmbito do projeto BRS Aqua, em que os dois órgãos e mais o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) desenvolvem uma série de pesquisas na área de aquicultura.

O estreitamento da parceria em relação ao tambaqui foi abordado em reunião na manhã desta terça-feira (9), na sede do MPA. O ministro André de Paula convocou o secretário-executivo, Carlos Mello, a secretária Nacional de Aquicultura, Tereza Nelma, e dirigentes da pasta para assistirem a apresentação do BRS Aqua, trazida pela presidente da Embrapa, Sílvia Massruhá, que estava acompanhada da chefe-geral Danielle de Bem Luiz, da chefe-adjunta de Pesquisa, Lícia Lundstedt, pela chefe da Assessoria de Relações Institucionais, Cynthia Cury, e pela supervidora de Relacionamento com o Poder Executivo, Ketruy Venet, todas da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Há duas linhas de pesquisa sobre o melhoramento genético do tambaqui. A primeira diz respeito à espinha em formato de Y, que fica próxima à cauda do peixe. Ela dificulta a retirada do filé, o que, em última instância, reduz a competitividade da espécie. A pesquisa visa fazer com que os exemplares percam a espinha em Y a partir de cruzamento genéticos.

A outra linha diz respeito ao ciclo de vida. Hoje, leva-se em média nove meses para que o peixe chegue ao ponto de despesca. A Embrapa Pesca e Aquicultura está usando uma “tesoura genética” para desativar a miostatina, que é a proteína que inibe o crescimento. O objetivo é fazer com que o tambaqui chegue ao tamanho ideal de despesca em seis meses, o que possibilitaria aos produtores ter duas safras por ano.

“Edição genômica é um tipo de pesquisa que está na fronteira do conhecimento”, disse Danielle de Bem Luiz. “Mas isso não significa que ela só possa ser acessada pelo grande produtor. Quando nós transferirmos a tecnologia, os pequenos produtores vão ter acesso também”, completou.

A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, pediu que o ministério busque a empresa para trabalhar o mais próximo possível. “Nós fomos criados para isso, para transferir tecnologia e conhecimento para o setor produtivo”, falou.

O ministro André de Paula orientou as áreas do ministério a criarem uma rotina de interlocução com a Embrapa, para aproximar a ciência do chão de fábrica da cadeia do pescado. “Além disso, acho que devemos, juntos, fazermos uma visita ao nosso parceiro BNDES, para atualizar os termos do projeto BRS Aqua.”

A secretária nacional de Aquicultura, Tereza Nelma, afirmou que vem encontrando no setor produtivo uma demanda alta por aplicações cientiíficas na cadeia do pescado, sobretudo melhoramento genético dos cultivos. “De fato, precisamos dessa aproximação com o setor produtivo e vamos estreitar esse contato.”

Tambaqui

O peixe amazônico é criado majoritariamente em fazendas na região Norte do país. O estado de Rondônia é o maior produtor, com 57,2 mil toneladas em 2022, seguido de Maranhão, com 39,1 mil toneladas, Mato Grosso, com 38 mil toneladas, Pará (24 mil ton) e Amazonas (21,3 mil ton).

O Brasil produziu 267.060 toneladas de peixes nativos em 2022, mais de 90% desse número composto por tambaquis. O comércio exterior ainda é incipiente. Em 2022, as exportações dessa espécie somaram apenas 71 toneladas, menos de 0,5% do pescado vendido ao exterior no ano passado.

Sérgio Xavier

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