Artigo: Indiciamento de Bolsonaro impacta costuras para a eleição de 2026?

Artigo: Indiciamento de Bolsonaro impacta costuras para a eleição de 2026?

A reportagem do Fantástico exibida no último domingo, sobre um possível Golpe de Estado envolvendo membros das Forças Armadas e de instituições policiais sintetiza uma série de ações que depõe contra a democracia brasileira e que será, naturalmente, passível de implicações de ordem política (e jurídica) – algumas imediatas, outras de longo prazo.

Eu diria que as chances de reversão da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro são praticamente inexistentes no curto prazo. Isso significa que ele seguirá sendo uma carta fora do baralho na disputa ao Palácio do Planalto em 2026? Depende do ponto de vista.

Com uma investigação assim tão extensa, sua imagem poderá ficar ainda mais chamuscada e seu apoio orgânico tende a diminuir. Todas as alternativas que envolvem o futuro político do ex-presidente, data de hoje, parecem pouco alvissareiras.

Uma escalada de sentenças judiciais com implicações bem mais graves do que a inelegibilidade não pode ser desconsiderada – e a forma como sua família, seu partido político e seus apoiadores mais fiéis administrarão essa hipotética situação poderá pesar na decisão dos brasileiros para o pleito futuro.

Tudo é futurologia. Se nada de pior acontecer a Bolsonaro até 2026 e permanecer “apenas” inelegível, ele certamente terá assento na mesa que decidirá o nome responsável por carregar as suas ideias na corrida presidencial – e nomes desse espectro ideológico simplesmente não faltam, o que já é visto com um alto nível de desconfiança e preocupação. Se chegar às eleições sem seu principal vocalizador e ainda por cima dividida, a direita poderá ser derrotada facilmente.

Mas, ao contrário do que muitos pensam, a esquerda pouco se favorecerá de toda essa trama (independente de seu resultado final), porque preocupa mais ao eleitor as entregas que o governo do presidente Lula precisará fazer daqui até a eleição, do que o calvário dos seus algozes. O eleitor quer, cada vez mais, algo concreto ao que se agarrar – não apenas retórica.

Tiago Lima Carvalho
Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Internacional

Sérgio Xavier

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