Fundação de Cultura de Camaragibe exclui quadrilha e frustra o sonho de 56 jovens: nem cota de PCD foi respeitada

Camaragibe (PE) – Uma decisão da Fundação de Cultura de Camaragibe colocou fim ao sonho de 56 jovens da Quadrilha Junina Xodó Camará, grupo cultural com apenas um ano de existência e que vinha se preparando intensamente para o Ciclo Junino 2025. Mesmo após cumprir todas as exigências do Edital nº 004/2025, o grupo foi inabilitado sem justificativa técnica clara, gerando revolta na comunidade cultural do município.
Formada por jovens em sua maioria moradores da periferia, a Xodó Camará enviou toda a documentação solicitada em diligência, incluindo fotos, vídeos, registros de figurinos e comprovações de atuação junina. Apesar disso, o grupo foi deixado de fora da programação.
A situação se agrava ainda mais pelo fato de a quadrilha contar com pessoas com deficiência (PCDs) entre seus integrantes, o que deveria garantir uma cota de inclusão conforme estabelecido no próprio edital, mas que aparentemente não foi sequer considerada pela comissão avaliadora. O edital previa pontuação diferenciada e atenção especial a grupos que incluíssem PCDs, mas isso não foi respeitado, segundo afirma a direção da quadrilha.
“É inadmissível que um edital que fala em inclusão, acessibilidade e valorização da diversidade cultural ignore justamente quem representa tudo isso. Temos jovens PCDs que ensaiaram, se dedicaram, se prepararam — e hoje estão sem entender por que foram excluídos”, afirma Washington, diretor executivo da Xodó Camará.
A decisão da Fundação revoltou não só os participantes, mas também familiares e membros da comunidade, que veem no grupo uma importante ferramenta de inclusão social, educação e fortalecimento cultural. “Para muitos desses jovens, a quadrilha é o único espaço de acolhimento, expressão e pertencimento”, ressalta uma mãe de integrante.
A Xodó Camará já protocolou um pedido formal de esclarecimentos, exigindo o parecer técnico detalhado da comissão de avaliação e a ata de julgamento. O grupo também solicita revisão da decisão, com base na transparência, isonomia e nos próprios critérios estabelecidos no edital.
“A cultura popular merece respeito. Não se trata apenas de uma apresentação junina, mas de vidas impactadas, de acessibilidade, de juventude e esperança. Se há critérios, que eles sejam aplicados com seriedade”, reforça Galvão.
A quadrilha, mesmo com apenas um ano de atuação, tornou-se símbolo de resistência cultural em Camaragibe, promovendo a arte junina com inclusão, identidade e dedicação. A exclusão do edital representa não apenas uma injustiça administrativa, mas um apagamento simbólico de vozes que lutam por espaço e dignidade na cultura local.