FBC ensaia reaproximação com a Frente Popular
Não passou batido pelo meio político uma foto divulgada, semana passada , pelo prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, onde ele aparece sendo recebido pelo governador Paulo Câmara, no Palácio do Campo das Princesas. Automaticamente, quem a viu lembrou-se de outra foto, essa postada há pouco tempo pelo senador Fernando Bezerra Coelho, onde o parlamentar estava ao lado do prefeito do Recife, João Campos, em um evento em Brasília. As agendas pouco importam. O que vale mesmo é o simbolismo contido nas imagens.
E as imagens falam por si só. Divulgadas pela assessoria dos Coelho, elas dão o tom de uma tentativa, iniciada nos bastidores, de reaproximação com a Frente Popular. Escanteado pelo presidente Jair Bolsonaro depois de ver seu nome envolvido em denúncias de esquemas de corrupção, FBC parece ter entendido que sua sobrevivência passa por uma reconciliação com o PSB. E tem caído em campo para isso.
Animal político que é, com uma capacidade privilegiada de ler o jogo, Bezerra Coelho, dizem nos bastidores, iniciou esse flerte com os herdeiros de Eduardo Campos pensando em salvar a própria pele. O movimento de retorno do “Caminho da Perdição”, como diria Miguel Arraes, deve ser intensificado, agora, com Bolsonaro em queda livre nas pesquisas e sem conseguir dar respostas às demandas do povo; das administrativas às políticas.
Os bastidores ainda dizem que a iniciativa de retorno tem partido de Bezerra Coelho. Mas que, apesar da base ser radicalmente contra, o PSB não vai desestimular ainda porque tem interesse na reconciliação. A construção passará por um acerto com o ex-presidente Lula. Se o cenário permanecer o mesmo, com o petista forte no estado, transferindo muito voto, FBC e seu grupo, provavelmente, serão relegados pelos socialistas. Agora, se Lula e o PT de Pernambuco forem para o caminho de uma candidatura própria a governador, os Coelhos de Petrolina passariam a ser atrativos para a Frente Popular.
CONVERSAS – As conversas do senador Fernando Bezerra Coelho não são só com a cúpula do PSB. Ele procurou também o ex-presidente Lula, que, todos sabem, terá um papel central na montagem dos palanques em Pernambuco. Lula, assim como o PSB, é pragmático. Vai pelas pesquisas. Se elas disserem que uma aliança com o PSB é o caminho do PT em Pernambuco, ele vai trabalhar por ela. A mesma coisa em relação a FBC e seu grupo. Contudo, se vir uma brecha para eleger alguém para o Governo de Pernambuco, o ex-presidente não vai hesitar. Aguardemos para ver.
CORTAR NA CARNE – Em um cenário de reconciliação com o PSB, o senador Fernando Bezerra Coelho terá de cortar na própria carne e abortar o projeto do filho Miguel, prefeito de Petrolina, de eleger-se governador de Pernambuco em 2022. Nas internas dos Coelhos, a informação é de que Miguel está esticando a corda para ser candidato de todo jeito – para isso, ele precisará abrir mão de quase dois anos de mandato na sua cidade. Se rifar o rebento, FBC tem grande chance de ser o candidato a senador da Frente Popular na chapa encabeçada pelo secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Geraldo Júlio. Vale a pena pagar o preço?
TUDO QUE HÁ DE PIOR – Levantamento feito pelo instituto Datafolha, divulgado, ontem, pelo site do jornal “Folha de S.Paulo”, mostra que a maioria dos entrevistados considera o presidente Jair Bolsonaro “despreparado”, “incompetente”, “desonesto”, “pouco inteligente”, “falso”, “indeciso” e “autoritário”. Ou seja, tudo que há de pior na política. Além disso, 55% dizem nunca confiar nas declarações do presidente e 70% acreditam que há corrupção no atual governo. O estudo ouviu 2.074 pessoas nos dias sete e oito de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.
TRAJETÓRIA DE CRESCIMENTO – Já outra pesquisa, essa da XP Ipespe, realizada neste mês de julho, mostra que o ex-presidente Lula mantém uma trajetória de crescimento nas intenções de voto para a eleição de 2022; e abre vantagem em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Lula foi de 32%, em junho, para 38%, neste mês; enquanto Bolsonaro oscilou de 28% para 26%. A vantagem do petista subiu de quatro para 12 pontos percentuais. A pesquisa de abrangência nacional tem margem de erro de 3,2 pontos percentuais. Foram ouvidas mil pessoas entre os dias cinco e sete de julho.
O povo quer saber: FBC vai ter coragem de rifar o próprio filho da corrida pelo Palácio para se aliar ao PSB?
(Coluna) Blog Fala PE