Artigo de opinião:PIB: Padrão pífio de crescimento do Brasil na era Bolsonaro
O crescimento de 4,6% do PIB no ano passado é uma boa notícia para o Governo. Se descontarmos as perdas de 2020 ainda temos um saldo positivo de 0,7%, o que significa que o Brasil saiu recessão técnica causada pela pandemia (já que só o crescimento do último semestre representou 0,5%). Juntando 2019, 2020 e 2021, o saldo da gestão de Jair Bolsonaro é positivo em 1,9%.
Se o crescimento econômico remanescer nos próximos dois trimestres, pelo menos, somado ao fato de que Bolsonaro dispõe da máquina administrativa e do Auxílio Brasil como carro-chefe social, eu diria que a sua presença num eventual segundo turno está completamente assegurada. Não podemos esquecer que a pandemia arrefeceu, o dólar está caindo (podendo inclusive sair da casa dos R$ 5 ainda esta semana) e os índices da bolsa de valores seguem em alta.
O principal calcanhar de Aquiles de Bolsonaro, hoje, é a inflação. Todavia, tal como Dilma Rousseff justificou a crise de 2015-2016, não ficará difícil para o atual chefe do Executivo tirar da cartola a retórica de crise global, já que tanto a pandemia quanto a Guerra na Ucrânia são verdades indiscutíveis e que de fato tem sua parcela de contribuição na piora dos índices inflacionários. Se as iniciativas legislativas para congelar tributos dos derivados de petróleo resultarem em queda do valor da gasolina na bomba e do gás de cozinha, teremos ainda mais elementos a favor do Governo.
Bolsonaro é muita coisa, menos carta fora do baralho para a eleição presidencial deste ano. Não podemos esquecer que existe uma fatia considerável do eleitorado (cerca de uns 15% pelo menos) que faz parte da chamada “direita civilizada” e que atualmente busca fazer brotar no coração do brasileiro a confiança na tal terceira via. Se esse eleitorado perceber, na segunda volta, que Lula não representa seus anseios e que as suas carteiras estarão mais bem guardadas com o capitão, Bolsonaro certamente chegará na reta final da campanha mais forte do que todos previam.
Tiago Lima Carvalho
Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Internacional e Diplomacia
Mestrando em Gestão Pública e Cooperação Internacional