Alckmin anuncia filiação ao PSB e cita Eduardo Campos: “não vamos desistir do Brasil”. Ex-governador de São Paulo deverá ser vice de Lula na disputa presidencial

Depois de mais de seis meses de negociações, o ex-governador Geraldo Alckmin anunciou nesta sexta-feira, em postagem nas redes sociais, que irá se filiar ao PSB.  

Na publicação, o ex-PSDB fez uma referência ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu em um acidente de avião em 2014 durante a campanha presidencial daquele ano. 

“Não vamos desistir do Brasil”, escreveu Alckmin nas redes sociais. A frase havia sido dita por Eduardo Campos em entrevista ao Jornal Nacional na véspera do acidente. Quando morreu, o ex-governador de Pernambuco era a maior liderança nacional do PSB.

O partido vai realizar um ato em Brasília na próxima quarta-feira, dia 23, para celebrar a entrada do ex-tucano, que será indicado para ser o vice na chapa presidencial encabeçada pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.

“O tempo da mudança chegou! Depois de conversar muito e ouvir muito eu decidi caminhar com o Partido Socialista Brasileiro – PSB. O momento exige grandeza política, espírito público e união”, disse Alckmin.

“A política precisa enxergar as pessoas. Não vamos deixar ninguém para trás. Nosso trabalho para ajudar a construir um país mais justo e pronto para o enfrentamento dos desafios que estão postos está só começando”, acrescentou.

Ao ter Alckmin como vice, Lula pretende fazer um aceno para crescer eleitoralmente em São Paulo, ampliar as conversas com o agronegócio — onde o ex-governador tem boa circulação — e com o mercado financeiro.

A ideia de Lula é fazer uma aliança ampla, como fez em 2002 ao colocar o empresário José Alencar como vice.

Tido como conservador e de centro-direita, Alckmin tinha convites também do PV e do Solidariedade, mas optou pelo PSB, maior partido, até agora, a aderir à aliança que será montada em torno de Lula.

Depois da filiação, Alckmin será formalmente indicado pelo PSB para ser o vice de Lula. A expectativa é que os petistas aprovem o nome do ex-governador nas instâncias internas somente perto do meio do ano.

Considerada incialmente improvável, a costura da união entre Lula e Alckmin teve início em julho. O ex-governador de São Paulo Márcio França levou a ideia ao ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad, que abriu conversas com Lula sobre o assunto.

Alckmin e Lula se encontraram de forma reservada duas vezes no segundo semestre do ano passado. O petista passou, então, a fazer elogios públicos ao ex-governador, que foi o seu adversário na eleição presidencial de 2006. 

Setores minoritários do PT têm se colocado contra a aliança, mas a expectativa é que a posição de Lula se imponha.  

Alckmin foi filiado por 33 anos ao PSDB. Como governador de São Paulo, enfrentou forte oposição dos petistas. Além do duelo com Lula em 2006, também enfrentou Haddad na eleição presidencial de 2018.

Sérgio Xavier

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