Mais de um ano após eleições, Cedro vive tensões políticas, mas tem cenário eleitoral definido

Passados dezoito meses da última eleição municipal do Cedro, no Sertão de Pernambuco, há quem diga que o cenário político do município está confuso. Uma das hipóteses levantadas é a de que ainda não está clara a posição de cada personagem no xadrez eleitoral da cidade. A tese, contudo, não se sustenta. Tomando como base o resultado das urnas no último pleito, é irrefutável que existem apenas dois grupos com capilaridade para protagonizar a cena eleitoral.

Um deles é liderado pelo ex-prefeito Neguinho de Zé Arlindo, que embora esteja fora da vida pública há mais de seis anos — devido aos inúmeros processos que enfrenta na Justiça — continua dando as cartas na Prefeitura Municipal, já que a chefe do executivo é a sua esposa, Marly Quental (MDB). Do outro lado, o grupo de oposição, liderado pela empresária Riva Bezerra (PSB), que saiu da última eleição com 3.488 votos, ficando a apenas 273 votos de vencer a disputa na primeira vez que foi candidata à Prefeitura.

Em 2020, Riva cravou definitivamente sua posição no xadrez eleitoral da Capital do Milho. Ao obter votação expressiva, a empresária recebeu do povo a legitimidade para liderar o grupo que se opõe à atual administração. E assim ela vem fazendo, dialogando com a população, ouvindo os aliados e sinalizando para a união. Apesar disso, ela tem ciência de que, neste ano eleitoral, terá de lidar com possíveis tensões políticas, provocadas por lideranças que buscam “cacifar” seus nomes para uma eventual disputa majoritária em 2024.

A expectativa dela, no entanto, é que as rupturas sejam temporárias. Em entrevista a este blog, Riva disse entender como natural as pretensões de lideranças políticas em buscar novas posições no quadro eleitoral, mas alertou que as ambições pessoais não podem se sobrepor ao propósito maior de unificar forças pelo bem da população. “A gente tem que analisar as possibilidades com muita humildade e sensatez. Entender o momento certo de dar cada passo”, disse ela.

No Cedro, além de ter a legitimidade das urnas, Riva é a maior aliada do governador Paulo Câmara (PSB) e do pré-candidato ao Governo, Danilo Cabral (PSB). A depender do resultado das eleições de outubro próximo, ela poderá se fortalecer ainda mais com vistas às eleições de 2024, principalmente se Cabral sair vitorioso do pleito.

A estratégia da empresária é “deixar a poeira baixar” e reunificar o grupo de oposição após as eleições deste ano. “Eu entendo que todos nós que não concordamos com a atual administração temos o mesmo objetivo. Isso é o mais importante, o resto a gente vai resolver no diálogo. A unidade é o caminho para as grandes transformações”, declarou a empresária.

Durante a entrevista, Riva ainda falou sobre a sua “fama” de ser uma mulher firme e, às vezes, inflexível. “Muita gente diz que eu sou dura, difícil de lidar, devido à minha posição sempre firme quando tomo alguma decisão. Mas essa é a minha personalidade, que foi construída a partir dos solavancos que a vida me deu”, disse.

“Se eu não tivesse sido dura e firme a vida toda, jamais conseguiria chegar aonde estou. O que acontece é que essas pessoas que falam isso de mim não querem conhecer o meu outro lado, que é justamente o de uma mulher sensível, atenciosa e, acima de tudo, cumpridora de compromissos, seja com o povo, seja com as lideranças”, continuou.

“Eu estou disposta a superar qualquer resistência, de quem quer que seja, e mostrar que juntos somos mais fortes”, concluiu Riva.