A democracia brasileira volta a ser ameaçada.

Essa insistência dos extremistas em permanecer nas ruas, creio, no longo prazo pode representar a ruína da chamada “direita civilizada” que hoje faz vistas grossas aos atos de violência política cada vez mais frequentes porque acha que pode se beneficiar eleitoralmente no futuro.
Se a extrema-direita quiser voltar ao poder no Brasil, ela terá que fazê-lo pela via eleitoral. Todavia, até aqueles que admitem sua antipatia ao presidente Lula e se autodeclaram antipetistas, ao que parece, começam a ficar igualmente queixosos e incomodados com esses golpistas.
Desde janeiro a posse da bola mudou de direção e está agora com a esquerda, mas esta é igualmente problemática, cheia de clivagens e que só foi capaz de se unir e caminhar alguns tímidos passos ao centro do espectro político diante da necessidade de derrotar o “mal maior”: Jair Bolsonaro .
Penso que a esquerda está com a faca e o queijo na mão para, com a valiosa ajuda dessa folclórica galera que vocifera na frente dos quartéis, jogar a extrema-direita brasileira, que venceu pela primeira vez em 2018, de novo para a merecida irrelevância política.
Mas este não será um processo fácil, porque a extrema-direita tentará subverter as regras do Estado de Direito, e tampouco será um caminho rápido, porque os extremistas estão, pelo menos no curto prazo, com ampla representação dentro do parlamento. Alguns com mandatos de 8 anos.
Caberá a esquerda compreender a nova realidade política brasileira e manter, naquilo que for possível, a imprescindível aliança que Lula foi capaz de amalgamar na campanha do ano passado. A idade do presidente e a ausência de lideranças capazes de sucedê-lo também são desafios.
A data de hoje ficará para sempre marcada como um dos dias mais tristes da História do Brasil. A sonhada Brasília de Juscelino Kubitschek vilipendiada por criminosos descontentes com o Estado de Direito. Nosso país já superou muita coisa e, certamente, venceremos mais essa crise.

Tiago Lima Carvalho
Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Internacional

Sérgio Xavier

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