Primeiro passo para fixar limite na pesca da lagosta

Primeiro passo para fixar limite na pesca da lagosta

Governo Federal vai ouvir pescadores para implantar já na safra de 2024 medidas para preservar a espécie

Os ministérios da Pesca e Aquicultura e Meio Ambiente e Mudança do Clima deram o primeiro passo para fixar limites de captura anual na pesca da lagosta a partir do ano que vem: divulgaram o plano de trabalho previsto na portaria MPA MMA nº 3/2023. A partir daí, técnicos das duas pastas receberam tarefas para, junto com os pescadores, chegarem aos números que serão apresentados na reunião do Comitê Permanente de Gestão da Pesca e do Uso Sustentável dos Recursos Pesqueiros (CPG) da Lagosta, marcado para 14 e 15 de dezembro.

Limitar a captura é um artifício usado em situações em que há necessidade de recuperar o número de indivíduos de uma determinada espécie nos pesqueiros. No contexto da pesca de lagosta, a preocupação com os estoques é grande. As avaliações mais recentes, datadas de 2015 e 2018, revelaram uma diminuição acentuada no número de lagostas no litoral brasileiro, que estava em torno de apenas 18% de sua capacidade total. Isso indica a existência de sobrepesca.

A coordenadora-geral de Gestão Participativa Costeiro-Marinho do MPA, Ormezita Barbosa, afirma que a atualização se faz necessária — o atual é de 2008 — pelo princípio de todo o plano de gestão, que é garantir a sustentabilidade da pescaria.

“Um elemento que a gente está considerando como premissa no processo de revisão do plano é tornar essa atividade sustentável e rentável para quem precisa e vive dela, além do meio ambiente suportar. O plano tem mais de 15 anos que foi adotado, então temos um marco temporal bastante extenso, a atividade passou por muitas mudanças, por isso a revisão do plano também precisa pensar em outros elementos”, diz.

O plano de trabalho terá intensa participação dos pescadores e pescadoras. A pescaria de lagosta é feita basicamente por pescadores artesanais por todo o litoral brasileiro. “Nós dividimos o trabalho em três fases. Teremos o diagnóstico, depois a revisão do monitoramento, que hoje é feito com mapa de bordo, e no fim a fixação das cotas de pesca”, detalha Ormezita.

No Brasil, a pescaria da lagosta envolve aproximadamente 12 mil pescadores profissionais e quase 3 mil embarcações, segundo os dados do Registro Geral da Atividade Pesqueira (RGP). Os principais estados produtores são Ceará e Rio Grande do Norte.

A espécie mais comum no país é a lagosta vermelha (Panulirus argus). Tradicionalmente, a pescaria é feita com manzuás, que são armadilhas de madeira e arame ou palha jogadas no mar. No entanto, nos últimos anos os estoques vem sendo fortemente abalados pela captura com mergulho ou com caçoeiras, que são proibidas, portanto, ilegais.

A lagosta é um dos itens mais valiosos do mercado de pescados, tanto no mercado doméstico quanto no exterior. O Brasil é exportador da espécie. Neste ano, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), o país já vendeu 144 toneladas para outros países – com receitas de mais de US$ 5 milhões.

Sérgio Xavier

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