Crise de oportunidades no futebol mexicano: a falta de destaque de técnicos e jogadores

Crise de oportunidades no futebol mexicano: a falta de destaque de técnicos e jogadores

A cada nova temporada, a participação de técnicos e jogadores mexicanos na Liga MX diminui drasticamente. Essa tendência preocupante revela uma crise de oportunidades que afeta profundamente o desenvolvimento do futebol nacional. A presença de técnicos mexicanos no comando das equipes é cada vez mais rara, com apenas quatro técnicos locais iniciando o Torneio Apertura 2024: Eduardo Fentanes (Necaxa), Chepo de la Torre (Puebla), Víctor Manuel Vucetich (Mazatlán FC) e Ignacio Ambriz (Santos). Este último foi o último técnico nacional a conquistar um título de Primeira Divisão, no Apertura 2020 com o León.

Há 10 anos, no Clausura 2014, metade das equipes era comandada por técnicos mexicanos. Há 20 anos, no Clausura 2004, esse número era ainda maior, com 11 dos 18 times sendo liderados por treinadores locais. A predominância dos técnicos estrangeiros levanta questões sobre a preparação e a valorização dos profissionais mexicanos. Rafael Márquez, ex-capitão da Seleção Mexicana e atual treinador da equipe B do Barcelona, destacou a necessidade de uma formação mais exigente para os técnicos nacionais poderem competir de igual para igual com os estrangeiros. Ele argumenta que “precisamos de pessoas mais preparadas, que a preparação seja mais exigente no México, de nível mais alto”.

Mas a crise de oportunidades não se limita apenas aos técnicos. A contratação de jogadores estrangeiros em detrimento dos talentos locais também é uma realidade gritante. Enquanto alguns jogadores mexicanos conseguem se destacar, como Hirving Lozano, que brilhou no PSV, e Raúl Jiménez, que tem se destacado no Fulham, esses exemplos são exceções. A maioria dos clubes prefere investir em jogadores estrangeiros, muitas vezes ofuscando os talentos locais.

Este cenário reflete uma falta de valorização do futebol mexicano. A insistência em contratar jogadores e técnicos estrangeiros desestimula a formação e o desenvolvimento de talentos nacionais. É imperativo que os clubes e as entidades responsáveis pelo futebol no México adotem políticas que incentivem a contratação e a valorização de profissionais locais. Isso não só fortalecerá o futebol mexicano a longo prazo, mas também resgatará a identidade e o orgulho de um país com uma rica tradição esportiva.

O futebol mexicano precisa urgentemente de uma reavaliação de suas prioridades. É essencial que se invista na formação de técnicos e jogadores locais, proporcionando-lhes as mesmas oportunidades e condições que são oferecidas aos estrangeiros. Só assim poderemos ver um renascimento desse futebol, com técnicos e jogadores mexicanos voltando a brilhar tanto nos gramados locais quanto internacionais.

Sérgio Xavier

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