Da tentativa falhada ao “golpe de Estado”. Que aconteceu na Bolívia?

Da tentativa falhada ao “golpe de Estado”. Que aconteceu na Bolívia?

Golpe militar na Bolívia. Ou quase na tarde de ontem . O general Juan José de Zúniga, após ter sido demitido por uma declaração pública contra o governo, cercou o palácio queimado, sede do governo federal da Bolívia, e demandou a dissolução do gabinete de Ministros. Em outras palavras, tomar o poder com golpe de Estado. Esse foi o segundo movimento golpistas das Forças Armadas da Bolívia em menos de cinco anos. Em 2019, Presidente Evo Morales, diante de denúncias de fraude nas eleições, foi deposto e teve que se refugiar no México e depois na Argentina.
A justificativa usada dessa vez é o artigo dois quatro quatro da Constituição boliviana, que diz que as Forças Armadas são responsáveis por garantir a estabilidade do governo e a aplicação da própria Constituição. Segundo eles, o atual governo estaria colocando em risco. É um argumento muito parecido com o utilizado aqui no Brasil para justificar a intervenção militar para garantia da lei e da ordem, baseados numa interpretação totalmente esdrúxula do artigo quatro dois da Constituição Federal. Mas a gente sabe, olhando para a história, inclusive a história recente aqui do Brasil, que um golpe de Estado só se concretiza com amplo apoio de diversos setores da sociedade. E parece que esse ingrediente faltou na receita antidemocrática de Zuniga.
Além do golpe não ter recebido o apoio necessário, a população saiu às ruas para protestar e acuou os militares. O presidente Lula se manteve a postura e lembrou que as Forças Armadas são o órgão que compõe o Estado, não quem comanda ele, ordenando a sua retirada para posterior responsabilização penal. Felizmente, não foi agora que vimos mais um golpe de Estado na nossa tão instável América Latina. E você acha que se o mesmo tivesse acontecido aqui no Brasil, a população teria saído às ruas para protestar e impedir a ruptura democrática?

Tiago Lima Carvalho
Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Internacional

Sérgio Xavier

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