O sonho de Eduardo Campos

O sonho de Eduardo Campos

Dia 10 de agosto, Eduardo Campos completaria 59 anos e neste dia 13 de agosto completa-se 10 anos que ele partiu prematuramente em acidente aéreo que vitimou mais seis companheiros que, junto com Eduardo, percorriam o Brasil propagando o projeto socialista para um país mais desenvolvido, mais justo, solidário, promissor e fraterno. No mesmo dia 13 deste ano também se completam 19 anos da morte do nosso líder Miguel Arraes.

O PSB perdeu, na mesma data, com um intervalo de nove anos, dois grandes líderes que este país teve e que nós, socialistas, tivemos a honra de conhecer e conviver. Eduardo seria, sem dúvidas, o melhor presidente da história da democracia brasileira.

O sonho socialista de um Brasil melhor, com um projeto construído com a sociedade e para a sociedade, com a experiência de quem foi, por cinco anos, o melhor governador do Brasil, foi interrompido de maneira traumatizante. O PSB se preparou por muitos anos para oferecer uma alternativa para o país, um modelo de gestão que pudesse melhorar a vida de todos os brasileiros e brasileiras e não apenas de uma parcela da população. Eduardo representava esse sonho. Ele dizia que “Nada é tão poderoso no mundo como uma ideia cuja oportunidade chegou.” Infelizmente, quis o destino que o Brasil não pudesse viver as ideias de Eduardo cujo tempo, não há dúvidas, chegaram.

Eduardo Campos: Um jovem estudioso, que entrou para a faculdade aos 16 anos e formou-se em economia muito cedo. Recusou um convite para um mestrado nos EUA para ajudar a eleger o avô governador de seu estado. Eduardo herdou do avô a paixão e a vocação política. Teve a oportunidade de estar ao seu lado e ser seu chefe de gabinete. E desde aquele tempo mostrou seu pensamento inovador e sua visão de futuro, carisma, competência, sabedoria, dedicação, coragem.

Filiado ao Partido Socialista Brasileiro, Eduardo concorreu pela primeira vez a deputado estadual em 1990. Elegeu-se. Marcou posição na Assembleia Legislativa de PE e se destacou como poucos. Mais do que inspiração, ele tinha vocação para a política.

E, como poucos na história do Brasil, Eduardo reuniu e acumulou, ao longo de seus 49 anos, muitas características que o qualificavam para ocupar qualquer cargo no país. Sua trajetória é limpa, transparente, honrada. Homem correto, é isso que podemos dizer daquele que foi eleito, por cinco anos, o melhor governador do Brasil! Eduardo era um orgulho para todos nós socialistas.

Eduardo era corajoso, obstinado em seus ideais. Em 1994, foi eleito deputado federal com 133 mil votos. De 1996 a 1998 foi Secretário da Fazenda durante o novo governo de Dr. Arraes em Pernambuco. Em 1998 e 2002 reelegeu-se novamente deputado federal. Articulado e capacitado, foi ministro de Ciência e Tecnologia.

Em 2005, com a morte de Arraes, Eduardo assumiu a presidência do PSB e em 2006, mais uma vez demonstrando coragem e ousadia, concorreu ao governo de Pernambuco. No início da campanha com apenas 4% das intenções de voto nas primeiras pesquisas foi pras ruas fazer o que sabia: política de verdade! Olho no olho, diálogo, coração, emoção. Política, para ele, era isso também. Foi eleito com 65% dos votos.

A dedicação e o vigor de Campos fizeram de Pernambuco um novo Estado. Em seu governo, ele conseguiu reduzir em 39% os homicídios com o Pacto pela Vida. Gerou emprego e renda a milhares de trabalhadores através de incentivos fiscais e de políticas setoriais. O Brasil crescia em ritmo acelerado, mas Pernambuco crescia ainda mais! Em 2010, Eduardo foi reeleito em primeiro turno com 82% dos votos válidos!

Em seus dois governos, ele aumentou em cinco vezes os investimentos. Na educação, investiu em educação em tempo integral. Na gestão, aplicou o monitoramento de projetos e estipulou metas para todos do governo. Ele ousou no modelo de gestão ― que hoje é exemplo para todo o país ― e teve como consequência ótimos resultados. E um dos maiores resultados pode ser medido: ele conquistou a aprovação de quase 90% da população.

Durante o Governo Dilma, Eduardo alertou inúmeras vezes que o país estava atravessando uma crise, que a política econômica adotada era errada. Fez internamente as críticas que julgava urgentes, mas não foi ouvido. Assim, por não acreditar mais que aquele rumo era o melhor para o seu país, para o seu povo, decidiu sair do governo e abriu mão de todos os cargos em nome de algo maior: o sonho de um país melhor, sem alianças pragmáticas, sem trocas de favores, sem corrupção, sem as velhas práticas políticas que impedem o desenvolvimento do Brasil.

Contrariando a lógica e a expectativa de quem sempre acha que a política é apenas matemática e que alguns se lançam pré-candidatos para poderem barganhar espaços, Eduardo ensinou mais uma lição: a do diálogo e da união. Ele foi persistente. Soube esperar. Fez as críticas de forma respeitosa. Não mentiu. Correu o Brasil e conquistou o apoio de Marina Silva. Nosso projeto socialista representava a coragem para mudar o país.

Aos que lhe perguntavam: vão apoiar quem no segundo turno? Ele respondia: nós estaremos no segundo turno, nós vamos ganhar essa eleição! Não era da boca pra fora. Ele acreditava nisso. E todos acreditávamos.

Por onde passava Eduardo ganhava a confiança das pessoas. Na véspera de sua partida prematura, ele disse no Jornal Nacional: “Não vamos desistir do Brasil. É aqui que nós vamos criar nossos filhos. É aqui que nós temos que criar uma sociedade mais justa.”! E assim o faremos. E por ele, pelo nosso povo, que teve, com sua perda, saudade do futuro, do futuro que teríamos com Eduardo!

Na manhã de 13 de agosto, perdemos aquele que seria, sim, o melhor presidente de nossa história. Nós não vamos desistir do Brasil que Eduardo e Arraes sonhavam. Nós vamos seguir o legado deles, os sonhos.

Obrigado, Eduardo. A chama da política que vocês acenderam em cada um de nós permanece viva!

Tiago Lima
Bacharel em Relações Internacionais
Especialista em Direito Civil
Secretário de Formação Política da JSB PE
Membro do Diretório estadual do PSB de Pernambuco.

Sérgio Xavier

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