Síndrome do Zika Vírus: dez anos dos primeiros casos foram lembrados na Alepe

Uma manhã especial e na qual as crianças com microcefalia de Pernambuco e suas mães foram as grandes protagonistas. Os dez anos do surgimento dos primeiros casos da Síndrome Congênita do Zika Vírus foram lembrados, nesta sexta-feira (30), na Assembleia Legislativa do Estado (Alepe).
A solenidade, no auditório Sérgio Guerra, teve início às 10h e foi promovida pela Comissão da Pessoa com Deficiência e Atipicidades da Casa, presidida pelo deputado Gilmar Júnior (PV), em parceria com a Associação União de Mães de Anjos de Pernambuco (UMA).
Em discurso emocionado, Gilmar Júnior enfatizou que muito além de catalogar a Síndrome Congênita do Zika Vírus para a literatura médica, a epidemia descortinou as fragilidades do atendimento às pessoas com doenças raras e deficiências em Pernambuco.
“Abriu um debate urgente sobre a criação das políticas públicas em todos esses 10 anos. Foi a partir dessa geração que se passou a discutir com mais força as lacunas na rede estadual de saúde, do atendimento terapêutico multidisciplinar e trouxe à tona o despreparo e a falta de acessibilidade atitudinal, além de escancar a exclusão dolorosa do capacitismo”, declarou Gilmar Júnior.
Presidente da UMA, Germana Soares salientou a importância de eventos que promovem visibilidade para as crianças com microcefalia e suas mães. “Se passaram 10 anos de uma epidemia que foi emergência internacional de saúde pública e a gente não pode deixar que essa geração de crianças seja esquecida, que elas fiquem debaixo do tapete invisibilizadas. Nós precisamos continuar expondo que elas estão aqui, as dificuldades delas, das suas mães que acabam adoecendo junto, com a sobrecarga, com o passar do tempo. A gente precisa sempre lembrar ao poder público e a sociedade que essa geração está aqui e que ela ainda continua precisando de coisas absolutamente iguais há 10 anos”, explicou Germana Soares.
Durante o evento, denominado “Dez anos da União de Mães de Anjos em Pernambuco, Uma Década de Resistência”, algumas pessoas que colaboraram com a UMA na última década foram homenageadas. São personalidades das áreas de medicina, comunicação, voluntariado e pesquisa, entre outras.
A médica Regina Coeli, infectologista pediátrica e que se dedica à causa do zika vírus desde os primeiros casos, esteve entre as homenageadas. “Podem contar comigo, porque eu amo cada um dos seus bebês, porque eu os trato como meus filhos. Eu sempre digo isso a vocês, e eu estou dizendo isso aqui abertamente, porque eu confio e eu acredito nisso. Amo vocês e muito obrigada por todo esse carinho que vocês têm”, declarou Regina às mães das crianças com microcefalia.