Nove nações de Maracatus celebram a 24ª Noite para os Tambores Silenciosos nas ruas de Olinda

A celebração acontece na próxima segunda-feira (13), a partir das 20h e conta com o apoio da Prefeitura de Olinda

A tradição da Noite para os Tambores Silenciosos de Olinda chega em sua 24ª edição nesta segunda-feira (13), a partir das 20h. Rua Prudente de Moraes, seguindo em cortejo com uma parada nos Quatros Cantos, seguindo pela Rua do Amparo até a Igreja do Rosário dos Homens Pretos. A iniciativa é realizada pela Associação de Maracatus de Olinda (AMO) e conta com o apoio da Prefeitura de Olinda, por meio da Secretaria de Patrimônio, Cultura e Turismo.

À meia-noite, em frente à igreja do Rosário dos Pretos, os tambores serão silenciados e dá-se início à celebração aos Eguns, com cantos a orixá Oyá (Iansã), que é a orixá responsável de fazer a conexão entre o mundo dos vivos e dos mortos. É o momento de pedir proteção aos espíritos dos antepassados que ajudaram na manutenção da tradição do Maracatus, é também de louvar o axé (força) daqueles que brincavam e adoravam a folia carnavalesca para iniciar e terminar o Carnaval na paz.

Moradores, turistas e foliões poderão ver de perto nove nações de Maracatus de Baque Virado, também chamado de Maracatu Nação. A ocasião é uma ótima oportunidade para conhecer mais sobre essa tradição pertencente à cultura de Olinda, confira a programação:

Maracatu Nação Camaleão;

Maracatu Leão Coroado;

Maracatu Nação Pernambuco;

Maracatu Estrela de Olinda;

Maracatu Nação de Luanda;

Maracatu Nação Tigre;

Maracatu Nação Maracambuco;

Maracatu Badia;

Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu (Convidado)

Após o término da celebração, os tambores voltam a rufar para mostrar que estamos vivos e estamos seguindo com o legado da nossa cultura, criada e adorada pelos ancestrais. 

História e Tradição

Em Olinda, a presença das populações remanescentes do continente africano ocorreu ainda no século XVI, quando foram trazidos pessoas escravizadas da Guiné por pedido de Duarte Coelho, para o trabalho nos engenhos. Esse contingente só fez crescer com o passar dos anos e, no século XVII, construiu, para seu uso, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos. Ali estabeleceu o seu local de reunião para efeito dos cultos da igreja católica, convívio da comunidade negra, troca de saberes e para a realização de suas festas consideradas profanas. 

Da confraria de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos,com as imposições do poder vigente e principalmente da resistência identitária e cultural dos negros surgiu o sincretismo, que ajustou de maneira crioula os calendários e os ritos de origem africana.

O Carnaval, festa do calendário cristão precede a Quaresma e que é uma licença, uma pausa, é também um momento de expressão das culturas afro-descendentes. 

“É na década de 1990 a reativação e aparecimento em Olinda dos grupos culturais com produções artísticas inspiradas nas raízes do povo negro da cidade. Esse movimento, já conhecido internacionalmente, bebeu muito nas fontes alimentadas pelo amor e obstinação dos afro-descendentes, por suas culturas aliados especialmente a sua criatividade e adaptação. Por tudo isso se faz a festa, partilha-se o Largo do Rosário e tocam-se os tambores. A convocação é para todos que de alguma maneira se beneficiam desse acervo, ligados ou não a fundamentos religiosos, mas que fazem parte da identidade da nossa cidade”.  Explica Aneide Santana, historiadora e servidora lotada no arquivo público de Olinda“. 

Fotos: Sandro Barros / PMO

Sérgio Xavier

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